A Coligação Democrática Unitária (CDU) volta a apostar, tal como em 2017, em Alexandra Dengucho para cabeça de lista à Câmara da Marinha Grande nas Autárquicas de outubro próximo. A candidata, que se diz “prática”, “decidida” e “aguerrida na defesa dos interesses do concelho”, promete “soluções” e “competência” para “um concelho com futuro”

 

O Parque de Merendas da Portela foi o local escolhido para a apresentação oficial de Alexandra Dengucho como primeira candidata da CDU à Câmara da Marinha Grande, ocorrida na tarde do passado sábado, 15 de maio.

Rodeada pela natureza, a candidata lembrou o importante papel do pinhal para os marinhenses, desde logo como ‘sala’ de reuniões clandestinas durante o fascismo e na luta pela liberdade, e lamentou que “o desinvestimento de sucessivos governos do PS e do PSD” tenha conduzido à destruição de 86% do Pinhal de Leiria em 2017, considerando que este “foi votado ao abandono antes e depois dos incêndios”. A este respeito, criticou a “postura de total inércia e abandono” da mata “com a conivência da liderança da Câmara da Marinha Grande”, e lembrou a proposta que apresentou em 2014 para a criação do Parque Pinhal do Rei, para potenciar o turismo e promover a fauna e flora locais, garantindo que o projeto avançará caso saia vencedora em outubro.

A candidata apontou o dedo à atual liderança da autarquia que considerou de “incompetente” na gestão do concelho, afirmou que “só de forma aguerrida e combativa se pode defender o concelho e os interesses da população” e garantiu: “Com ‘falinhas mansas’ e jogos palacianos não vamos lá!”.

Depois de se definir como sendo uma mulher “prática, decidida, de soluções”, Alexandra Dengucho realçou o “forte movimento associativo” existente, nas suas múltiplas vertentes, “um motor de integração social e de desenvolvimento local” que deve ser visto como “parceiro privilegiado” da autarquia.

Aberta ao diálogo, a candidata defendeu a definição de uma política desportiva municipal apostada na formação e criticou os atrasos na construção do Patinódromo, da piscina e de um pavilhão multiusos na sede de concelho e na Freguesia da Moita. Dengucho garantiu que não é da oposição a culpa pela não concretização destes projetos, até porque “este Executivo PS teve todos os Orçamentos aprovados e não fez! Os incêndios, o Leslie e a pandemia, também não são argumentos que possam mascarar a completa inércia e incompetência do Executivo PS”.

 

“Mudar de rumo”

A atual vereadora no executivo camarário, embora sem pelouros, defendeu, no plano cultural, a valorização do vidro, como marca identitária do povo marinhense, bem como a definição de uma “verdadeira política municipal para a educação”, chamando à liça a requalificação da Escola da Várzea, “numa gaveta há anos” e a há muito ambicionada intervenção na Escola João Beare, para concluir que “assim não podemos continuar e que, a bem da nossa comunidade educativa, este concelho tem que mudar de rumo”.

A propósito da transferência de competências para as autarquias, a candidata da CDU garantiu que não hesitará em defender a regionalização, enquanto fator de coesão e desenvolvimento do país, pois esse “é um dever de qualquer autarca responsável e que lute pelo bem-estar das suas populações”.

No campo do desenvolvimento económico, Alexandra Dengucho considerou que a autarquia deve ser um agente promotor da competitividade e inovação e que deve procurar novos investidores que possam criar mais postos de trabalho “com direitos”, lamentando, neste domínio, que “a nossa Câmara insista no trabalho precário ao manter os concursos para as AAF’s e CAF’s nos moldes em que estão, fazendo aumentar a precariedade, e criando instabilidade nas crianças, mas principalmente adiando a vida das profissionais a quem é exigida uma licenciatura mas às quais são pagos, atualmente, 4,75 euros/hora, sendo que as auxiliares recebem 3,65 euros/hora”.

Alexandra Dengucho relembrou “o contributo decisivo” da CDU para a melhoria da rede de águas e saneamento no presente mandato, ao “obrigar” o executivo permanente a um reforço de verbas; colocou o turismo como prioridade, divulgando os museus, a arte vidreira, as praias e a mata; e lembrou o “elefante branco” que é o complexo de Piscinas Oceânicas de São Pedro que “continua sem solução à vista”.

A candidata lamentou que o Museu da Floresta continue no papel, que o Mercado Municipal se tenha tornado, de novo, provisório, e que o executivo PS na autarquia não tenha promovido a necessária discussão em torno da localização do terminal rodoviário, já que esta não mereceu o acolhimento de todas as forças políticas que compõem o executivo camarário.

“Concelho com futuro”

Para Alexandra Dengucho, a Freguesia da Moita “está deixada à sua sorte, votada ao mais puro abandono pelo executivo PS”, e quanto a Vieira de Leiria, criticou que “só agora foi aprovado o projeto para o Largo, na Passagem” e que “pouco ou nada esta Câmara investiu”.

Já a terminar a sua intervenção, a cabeça de lista da CDU lembrou que está por decidir o que fazer com o património da Fábrica Escola Irmãos Stephens e que o Plano Diretor Municipal “teima também em não avançar”, para logo de seguida garantir que “só com a CDU, que reúne o PCP, o Partido Ecologista Os Verdes e a Associação Intervenção Democrática, constituindo um amplo espaço de participação unitária e de convergência democrática que agrega milhares de homens e mulheres sem filiação partidária, é possível construir um concelho com futuro, um futuro com confiança, honrando o seu passado e ultrapassando os desafios do presente”.

Alexandra Dengucho disse ainda querer afirmar o projeto da CDU de forma positiva, “sem nos refugiarmos em siglas que, não raras vezes, em nome de falsas independências, escondem compromissos pouco transparentes, projetos associados a interesses económicos ou meras ambições pessoais”.