São cerca de uma centena os chapéus que se encontram expostos no pátio interior do Bloco A4 da Escola Básica Guilherme Stephens. Não houve limites para a imaginação dos alunos que quiseram, desta forma, sensibilizar para a prevenção dos maus tratos na infância

 

Flores, doces e brinquedos são alguns dos adereços que ajudaram a dar uma nova vida aos chapéus que compõem uma exposição original e que em breve poderá ser apreciada por toda a comunidade.

Segundo explicou ao nosso jornal Lígia Grilo, professora responsável pela área do 1.º ciclo da Guilherme Stephens, a mostra foi a forma encontrada para dar resposta ao desafio lançado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Marinha Grande a propósito da prevenção dos maus tratos na infância assinalada anualmente em abril.

Em grupo, os docentes resolveram propor que os alunos dos 3.º e 4.º anos pudessem trabalhar o tema através da elaboração de chapéus, tendo em conta que nas aulas de Inglês se estava a falar das famosas corridas de cavalos de Ascot, no Reino Unido, onde os extravagantes chapéus das senhoras quase ofuscam as performances dos animais.

Segundo a professora, havia apenas duas regras: os chapéus tinham de incorporar um laço azul e ser elaborados em família. O resto ficou à imaginação de cada um.

Almas para sempre «estragadas»

Entre as inúmeras obras de arte, saltou à vista o chapéu elaborado pelo Bernardo, aluno do 3.º ano de escolaridade, e que tinha um enorme laço azul. Do alto dos seus 8 anos, explicou ao JMG que resolveu colocar no seu chapéu diversos brinquedos estragados tendo em conta que mesmo que sejam reparados nunca voltam a ser como eram. “É como a alma das crianças, que fica estragada com a violência e nunca mais fica igual”, contou-nos o Bernardo. Sensibilizado, disse que o seu objetivo era alertar para este problema e que “se pudesse” ajudava as crianças que são vítimas de maus tratos.

No final, Lígia Grilo fez um balanço “muito positivo” da iniciativa que permitiu aos alunos “mostrar que estão atentos e expressar o que sentem”. A exposição foi ainda uma forma de inaugurar o pátio do Bloco A4, que ganhou também ele um “chapéu” que permitiu valorizar aquele espaço.

A docente fez saber que a CPCJ mostrou interesse em transpor a mostra para fora das paredes da escola, estando a ser preparada uma exposição aberta ao público para o próximo mês de junho e a respeito da comemoração dos direitos da criança.