Durante os últimos dez anos aconteceu em Portugal a maior destruição de riqueza da nossa história moderna. Algumas das mais importantes empresas portuguesas com expressão internacional – Cimpor, Portugal Telecom, EDP, REN, ANA, CTT – são hoje empresas estrangeiras fortemente desvalorizadas, ou que pouco contribuem com resultados para o investimento e para o progresso da economia portuguesa. Outras - BPN, BPP, BES – tornaram-se em pouco tempo massa falida, cujos escombros são um custo para o Estado, que é como quem diz para os contribuintes portugueses. Outras ainda – TAP, Águas de Portugal, Metro de Lisboa e Porto, CP, Carris, etc. – ou são mal geridas e representam um custo e não uma fonte de rendimento e de progresso, ou, como é o caso da TAP, estão a caminho de serem privatizadas e prontas para seguir o caminho das anteriores.

Há portanto razões de sobra para que os portugueses se interroguem sobre as causas desta destruição de riqueza, que torna o nosso futuro colectivo cada vez mais negro e a economia portuguesa cada vez mais pobre e mais dependente do exterior. Do meu ponto de vista, parece-me claro que a causa principal se deve à má qualidade dos sucessivos governos, que geriram as empresas através de gestores de aviário, de nomeação política, governos fortemente promotores da promiscuidade existente entre interesses públicos e interesses privados e, finalmente, governos que usaram as privatizações para pagar os excessos de endividamento do Estado. Ou seja, o centro da hecatombe que estamos a viver resulta de governantes pouco sérios, ou apenas mal preparados para as tarefas da governação, fruto de um sistema político incompetente e, não poucas vezes, corrupto.

A maioria dos portugueses já compreendeu que o actual Governo do PSD/CDS é parte do problema e não da solução, mas o que dizer da oposição do PS, cujo objectivo principal parece ser a reabilitação dos anteriores governos de José Sócrates, como defendido recentemente na Assembleia da República pela voz de Ferro Rodrigues ? Será que os socialistas ainda não compreenderam que foram os governos de José Sócrates que mais contribuíram para a ruína da economia portuguesa? Que foram esses governos que impediram a OPA da Sonae à PT e que incentivaram a venda da participação desta na Vivo; que impuseram a estúpida fusão da PT com a OI; que tentaram dominar e quase destruíram o BCP; que fizeram da CGD um mero pau mandado dos interesses políticos e que tudo isso foi realizado em associação de interesses com Ricardo Salgado e o BES? Para já não falar no BPN, onde José Sócrates nacionalizou o banco mas não a empresa holding do grupo, ou nas parcerias público privadas, ou no desastre que foi o financiamento de empresas públicas através de esquemas ruinosos e, porventura determinante, a governação baseada na confusão entre economia pública e interesses privados, que conduziu a um endividamento insustentável do Estado e à dependência externa.

Os empresários portugueses que trabalham e lutam pela sobrevivência das suas empresas na actual conjuntura e na preservação dos postos de trabalho, não podem ficar indiferentes a esta situação e terão de ter uma voz activa na defesa do que resta da nossa economia, de que são a parte mais relevante e aquela que pode ainda salvar o nosso País do desastre para que tem sido conduzido. Em particular, os empresários da Marinha Grande têm de continuar a afirmar os valores da independência e do trabalho honrado e competente, que têm sido uma marca da economia da nossa região.