Cinco votos contra, dos três eleitos do +MPM e dos dois vereadores do PS, e dois votos a favor, das eleitas da CDU. Foi este o resultado da votação do primeiro ponto inscrito na ordem de trabalhos da reunião de câmara da última segunda feira, 14 de novembro, a pedido de Alexandra Dengucho e Lara Lino, designado “Defender a memória coletiva marinhense e preservar a história do 18 de Janeiro de 1934: manter o monumento evocativo do 18 de Janeiro de 1934 no centro da rotunda da praceta do vidreiro”

 

Na apresentação do ponto, Alexandra Dengucho lembrou que o Sindicato Vidreiro também contribuiu financeiramente para a aquisição do monumento, pagando à data 800 contos, defendendo que, por essa razão, o monumento “não é apenas propriedade do município” e que a posição do Sindicato “devia ser tida em conta”. A autarca lembrou que o Movimento cívico entretanto criado “apurou, junto do filho do escultor, que a família nunca quis a mudança” do monumento e que a população “tem manifestado descontentamento” perante a sua deslocalização.

Ana Laura Baridó, do PS, considerou que tendo em conta o contributo financeiro do Sindicato Vidreiro, a situação deveria “ser avaliada”. Já o vereador João Brito, considerou que a importância da estátua não será diminuída com a sua mudança para a meia lua, pelo contrário, defendendo que ficará “melhor” na futura localização.

O presidente da câmara, por sua vez, lembrou as decisões tomadas anteriormente sobre este assunto, desde logo que mudança para a meia lua foi tomada por unanimidade em reunião de câmara em 18 maio de 2020, por todos os membros do executivo anterior: Cidália Ferreira, Carlos Caetano, Célia Guerra, Aurélio Ferreira, Ana Monteiro, Alexandra Dengucho e Lara Lino. Em nova votação, já neste mandato, a 22 de novembro de 2021, foi decidido por maioria, com 5 votos a favor, que a estátua seria deslocalizada para a meia lua, com indicação para se preparar a base de betão. Aurélio Ferreira disse ainda que as decisões foram tomadas democraticamente “cumprindo, pois, a vontade de grande maioria dos marinhenses, repôs-se a vontade do autor do projeto, como pode ser comprovado pela informação prestada por quem privou com o Mestre Joaquim Correia”, e leu em seguida o conteúdo de duas comunicações que lhe foram dirigidas pelo arquiteto João Correia, um dos filhos do mestre Joaquim Correia, autor do monumento.

Na comunicação de 30 de outubro, João Correia escreveu ter sido “surpreendido” por notícias que anunciavam o seu apoio ao movimento como filho do escultor Joaquim Correia. Confirmou ter sido visitado por dois representantes do movimento que “referiram apenas que o debate estava a decorrer civilizadamente e sensatamente”.

“É um desejo dos anteriores autarcas democráticos por quem tenho grande estima pessoal, Presidente Álvaro Órfão, Presidente Dra. Cidália, que se estende também ao senhor actual Presidente, pela importante intervenção que tiveram no reconhecimento, conservação e divulgação da obra do meu pai e que procuram cumprir o desejo da preferência que o meu pai Joaquim Correia tinha na localização do monumento sem dúvida muito importante para a identidade da Marinha Grande”, escreveu o arquiteto, acrescentando que “referi a estes senhores que essa era a vontade e melhor localização (observação próxima dos relevos e estátua, zona pedonal com pontos de vista da rotunda e também do parque)”, escrevendo ainda que : “Se não me tivessem ocultado a sua filiação partidária ter-lhes ia dito que o meu pai sabia perfeitamente, tal como eu, que o monumento nunca foi colocado na meia lua por vontade explícita do PCP e Sindicato dos Vidreiros”. “Sem dúvida que o monumento ir para a meia lua era a vontade do meu pai. Os meus quatro irmãos poderão confirmar essa verdade”, refere ainda João Correia, agradecendo a Aurélio Ferreira “a sua determinação em cumprir esta vontade”.