A atividade política é meramente instrumental, serve para fazer coisas para resolver problemas é isso que verdadeiramente as pessoas esperam dela. Quando recebo no parlamento os empresários do setor dos plásticos penalizados com o “imposto verde” ou os que são penalizados com os cortes de energia e que veem, consequentemente, os custos dos seus produtos agravados, preocupam-se pouco que eu diga que a culpa é deste ou daquele, eles querem, e com razão, é ver o seu problema resolvido. Durante muito tempo – uma melhor situação económica das pessoas também o permitia – os cidadãos foram tolerando a luta política,  desde que no final a sua condição de vida fosse melhorada. Hoje já não é assim e todos devíamos, o que ainda não é o caso, ter consciência disso.

Vem, justamente, este assunto a propósito das divergências que a imprensa diz haver na câmara municipal da Marinha Grande. Com fraqueza o digo, até com a experiencia de quem já exerceu aquelas funções, que não há nenhuma razão aparente para isso acontecer. A câmara tem uma boa situação financeira – ainda agora aprovou um conjunto de incentivos importantes para a captação de investimentos – tem vindo a realizar obra, obra no saneamento, no melhoramento de vias, equipamentos de cultura e desporto e as relações com as instituições do concelho são cordiais e colaborantes como, por exemplo, ainda recentemente disse aqui neste jornal a presidente da junta de freguesia da Marinha Grande.

A gestão da coisa pública é difícil e exigente, nem todos pensam (ainda bem) da mesma forma, todavia, o supremo interesse das populações justifica que essa conflitualidade, às vezes mais aparente que real, seja sublevada pelo interesse da comunidade. 

Se não for assim, cada vez mais as pessoas descreem naqueles que se disponibilizam para funções públicas e aí perdemos todos, porque a democracia tem muitos defeitos, não há decisões ideais, diz-se até, com propriedade, que as escolhas políticas são sempre um mal menor, mas qualquer outro sistema alternativo é seguramente pior que este. É bom que todos se lembrem da expressão de Montesquieu, o que não é bom para a colmeia também não é bom para cada uma das abelhas.