Após longas semanas de indefinição, recursos e pedidos de anulação do ato eleitoral, José Miguel Medeiros já assumiu o lugar de presidente da Federação Distrital de Leiria do PS.

Em entrevista ao JMG, o sucessor do vieirense João Paulo Pedrosa garante que será o presidente de todos os socialistas e que vai trabalhar para unir o partido.

Como comenta o apuramento dos resultados das eleições de 5 de setembro para a Distrital de Leiria do PS?

O apuramento dos resultados determinou a minha eleição para a liderança da Federação Distrital do PS, por uma margem reduzida. Este facto comporta responsabilidades acrescidas, para todos os intervenientes, na construção da unidade do partido e na afirmação do nosso projeto para o distrito de Leiria. 


O candidato António Sales queria, na sua ótica, vencer na Secretaria?

Limito-me a constatar que a candidatura opositora utilizou todos os mecanismos para impedir o apuramento dos resultados eleitorais do dia 5 de setembro, tendo perdido todos os processos na Comissão Nacional de Jurisdição do PS e tendo perdido, igualmente, todos os recursos no Tribunal Constitucional. 


Como espera encontrar a Federação?

Conheço bem a realidade do PS no distrito e tenho uma noção muito clara do trabalho que é necessário desenvolver. Há um claro desajustamento entre a dimensão demográfica e socioeconómica do distrito de Leiria e a dimensão do PS e das suas estruturas. Há um trabalho de revitalização, de rejuvenescimento e de reorganização muito importante a prosseguir nos próximos anos. Por outro lado, o PS tem de ter iniciativa política e capacidade de intervenção para a resolução dos problemas do distrito. Face às políticas nefastas que têm sido implementadas pelo atual governo, o PS precisa de mais força para defender e dar esperança aos cidadãos e às instituições do distrito.
Por último, o PS vai ser capaz de apresentar um projeto renovado para o desenvolvimento da região. Não um projeto de ilusões. Mas antes um projeto que valorize os recursos da região, que aposte no fortalecimento da dinâmica empresarial e na criação de emprego, que valorize as instituições, que qualifique os serviços públicos e que não esqueça os mais desfavorecidos. 

Vai ser o presidente de todos os socialistas do distrito? De que forma?

Assumi esse compromisso com os militantes. Não vou fazer proclamações de unidade. No passado, já demonstrei que conseguia unir os socialistas de Leiria, respeitando as diferenças de opinião e valorizando o contributo de todos para o fortalecimento do PS no distrito. Os socialistas conhecem-me e sabem que haverá equidade no relacionamento com todas as estruturas do PS e com todos os militantes. 

À semelhança do que está a fazer a nível nacional António Costa envolvendo os apoiantes de António José Seguro, pondera integrar os socialistas que manifestaram o seu apoio a António Sales?

Sim. Apesar da existência de conversações prévias, no Congresso, as duas candidaturas apresentaram listas separadas para os órgãos distritais. Aliás, a candidatura de António Sales acabou por beneficiar da maioria dos votos dos delegados inerentes (não eleitos) com direito a voto, obtendo a maioria dos membros na Comissão Política Distrital (29-27). Segue-se agora a composição da mesa da Comissão Política e da estrutura executiva da Federação, incluindo o Secretariado, o Gabinete de Estudos e Formação e outros grupos de trabalho, que deverão contar com a participação dos socialistas, independentemente da candidatura que apoiaram. 

Como vai ser o seu relacionamento com as Concelhias onde António Sales saiu vitorioso?

Todas as estruturas do PS serão tratadas de igual modo. As Concelhias terão um papel essencial no trabalho da Federação. Entendo a Federação como uma plataforma intermédia, que tem de manter um relacionamento muito estreito com as estruturas locais do PS, com os autarcas, com as comunidades intermunicipais e com as instituições locais e regionais. Sem descurar a importância da ligação ao patamar nacional, nomeadamente à Assembleia da República, ao Governo e aos serviços da administração central, a verdade é que é no território local que as políticas se materializam. Quer a estratégia de oposição, quer a construção do projeto de desenvolvimento da região, exigirão um trabalho de articulação permanente com as Concelhias do PS.   

Considera que, neste momento, estão reunidas as condições para que o PS possa sair vitorioso no distrito nas legislativas de 2015?

É essa a minha ambição. Com convergência de esforços no interior do PS, com uma estratégia consistente de oposição e com trabalho intenso de mobilização da sociedade, em todos os concelhos do distrito, através do debate de alternativas políticas sólidas, para a região e para o país, será possível ganhar as eleições legislativas no distrito de Leiria. Além disso, como os anos recentes bem demonstram, foram os governos do PS que mais investiram e que mais contribuíram para a coesão e para o desenvolvimento económico e social do distrito. Estou certo de que o compromisso social e político nacional, liderado por António Costa, mobilizará o apoio maioritário dos cidadãos do distrito. 


Já tem em mente os nomes que vão compor a lista de deputados à Assembleia da República no próximo ano?

Cada coisa a seu tempo. Esse assunto será tratado no momento próprio, após a definição dos critérios e das orientações pelos órgãos nacionais do PS. O Partido dispõe de excelentes quadros políticos para assegurar a representação do distrito na Assembleia da República, devendo esses representantes manter uma permanente articulação com as instituições e cidadãos da região. A integração nas listas do PS significará um compromisso com um trabalho de proximidade juntos dos eleitores, essencial para reforçar a confiança no processo de representação política.  

Como avalia o desempenho do seu antecessor?

Não fui eleito para avaliar o passado. Fui eleito para construir o futuro. 

Que opinião tem acerca da gestão autárquica do socialista Álvaro Pereira na Câmara Municipal da Marinha Grande?

Uma opinião muito positiva. O Presidente Álvaro Pereira recolocou a Marinha Grande no trilho do desenvolvimento, anteriormente percorrido por Álvaro Órfão e que havia sido interrompido com a vitória da CDU em 2005. A Câmara da Marinha Grande tem-se destacado pela inovação das políticas sociais, pela reabilitação urbana e patrimonial, pela saúde das finanças municipais e pela parceria estratégica com o setor empresarial. O Presidente Álvaro Pereira tem sido muito determinado na defesa dos interesses do concelho da Marinha Grande.