Sete anos. Milhares de quilómetros por palmilhar. Muitos países por conhecer. Uma cidadã norte americana está a dar a volta ao mundo, a pé, com a missão de despertar consciências para os sacrifícios a que mulheres e crianças estão sujeitas diariamente, em África, por um pouco de água potável.

Chama-se Anna Harrington, tem 45 anos e é natural do Idaho, nos Estados Unidos da América. Durante os próximos sete anos está disposta a fazer sacrifícios em prol do bem comum. Há dias esteve de passagem pela Marinha Grande a caminho de uma causa maior. Sozinha, iniciou em março deste ano esta caminhada, precisamente em Portugal. É que o atrelado em que transporta alguns bens essenciais “dá pelo nome” de Magalhães. A associação aos Descobrimentos foi imediata e Anna achou que não haveria melhor país para dar o pontapé de saída.
Tomou a decisão depois de ver notícias que davam conta de que em África, milhares de mulheres e crianças percorrem, diariamente, dezenas de quilómetros por alguns litros de água potável. Assim, e depois da experiência que viveu em 2014, onde durante 10 meses atravessou a América, percorrendo mais de seis mil quilómetros para despertar a opinião pública para a iminência de ser encerrado um hospital pediátrico (Shriners Hospitals for Children), Anna “embarcou” numa nova missão.
Nos últimos meses dormiu na sua tenda, em parques de campismo ou em espaços públicos, mas também em habitações particulares ou em alojamentos mais acessíveis quando não havia outra alternativa ou o tempo não o permitia. Munida de um pequeno fogão vai cozinhando algumas refeições, para poupar dinheiro, e leva consigo apenas o essencial.
Destemida, assume que não tem grandes medos com exceção dos cães vadios com que já se cruzou no caminho. Na sua rota constam países como Espanha, França, Alemanha, República Checa, Rússia, China, mas também Austrália e América do Sul. De fora deste desafio fica apenas o continente africano, cujos problemas originaram esta caminhada. Anna contou ao JMG que não vai arriscar caminhar em África, dada a perigosidade existente e uma maior dificuldade em conseguir os vistos necessários para entrar nos diferentes países.
Da primeira vez que passou pela Marinha Grande, em março, Anna esteve na loja de bicicletas Tomazzini, onde procurava umas novas rodas para o seu atrelado. Desta feita tinha à sua espera uma nova viatura, que Miguel, responsável pelo espaço, não hesitou em personalizar. Afinal, ou não fosse este o Magalhães II, as rodas ostentam as cores da bandeira portuguesa…
Com um filho de 22 anos nos Estados Unidos, Anna adianta que só volta a casa no próximo Natal “para matar saudades”. O trabalho, num laboratório ligado à área da Medicina, esse, vai ter que esperar pelo fim da caminhada ou, em alternativa, até que o dinheiro das suas poupanças se esgote.
Ao JMG, Anna confidenciou que está a “adorar” a experiência, e que tem recebido um feedback “muito positivo” das pessoas a quem tem explicado a sua causa, nas várias terras por onde tem passado.
Embora admita que nunca lhe passou pela cabeça levar a efeito uma missão desta envergadura, a verdade é que Anna já tem provas dadas enquanto cidadã activista. É que além da missão que concretizou na América, já esteve na Nicarágua onde ajudou a instalar filtros de água, como voluntária da Love Water, uma instituição de âmbito internacional.
Sobre o mais recente desafio, criou o blogue www.annasworldwalk.com, onde vai contando algumas aventuras, que todos podem acompanhar.