“Fazer mais e melhor” é apenas um dos objetivos de Pedro Franco, novo presidente da Direção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Marinha Grande (AHBVMG). Ainda a «conhecer os cantos à casa», o responsável já tomou conhecimento do impacto da pandemia no equilíbrio financeiro da Associação e, por isso, colocou em marcha uma campanha para angariar fundos

 

Acaba de ser eleito presidente da Direção da AHBVMG. Que razões motivaram a sua candidatura?

A minha candidatura surgiu de um convite da anterior Direção pelo qual me sinto honrado. Foi uma manifestação de reconhecimento, apreço e confiança depositada em mim, com a responsabilidade que o cargo representa. A partir daí, e convidados os sócios que confio serem essenciais para este desafio, formámos uma equipa que se predispõe a fazer mais e melhor, num momento de vivências únicas e limitações extremas.


Vivemos um tempo singular em adversidades. Exige-se dedicação e empenho de todos. Acredito que vamos conseguir fazer um trabalho digno em prol da Corporação de Bombeiros (CB) e subsequentemente da população marinhense.

Como têm sido estas primeiras semanas de trabalho?

Tenho andado a reconhecer a casa onde tinha entrado a primeira vez há cerca de 57 anos para as aulas de ginástica sob a orientação do saudoso brigadeiro Álvaro Neto. A entrar no ambiente, conhecer as pessoas, ouvir e tentar compreender os vários pontos de vista, familiarizar-me com a documentação, procedimentos, com as regras escritas e não escritas, com as contas, com a especificidade do trabalho do CB, com as suas necessidades e anseios, a entender a estrutura orgânica de um CB. E tenho também andado a conhecer os parceiros sociais e institucionais, que são parte fundamental ao bom desenvolvimento da Associação.

Que objetivos definiu a Direção que lidera para o biénio 2021/2022?

Os Estatutos da AHBV da Marinha Grande, como entidade detentora do Corpo de Bombeiros, são bem claros sobre esta matéria: garantir as condições de operacionalidade do Corpo de Bombeiros, quer na proteção de pessoas e bens, designadamente o socorro a feridos, doentes ou náufragos e a extinção de incêndios. Esta é, e será, a nossa maior preocupação. Contudo, a forma como tal desígnio se reveste é efetivamente dinâmica e tem de ser ajustada ao espaço e ao tempo, às pessoas, aos meios e funções.

Há, porém, dois objetivos gerais já definidos: Queremos chegar até ao final de 2022 com uma Associação ainda melhor capacitada em meios técnicos e humanos e queremos abrir a Associação Humanitária dos BV da Marinha Grande à comunidade envolvendo-a cada vez mais na vida do seu quotidiano.

A título de exemplo, direi que estamos a preparar uma Campanha de recolha de fundos, que esperamos venha a obter uma adesão massiva por parte da comunidade marinhense. Por um lado, via Consignação de 0,5% do IRS para a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Marinha Grande (NIF 501137106), sem qualquer despesa para os contribuintes a decorrer no período de apresentação da Declaração de IRS entre o dia 1 de Abril e o dia 31 de Maio. É dinheiro já coletado pelo Estado, mas que pode ficar na Marinha Grande ao dispor dos Bombeiros, assim os marinhenses adiram. Por outro lado, via aumento do número de sócios individuais e empresariais.

Quais são as necessidades mais prementes? Obras, viaturas?

Muito embora o pouco tempo que passou desde a Tomada de Posse, foi feito um diagnóstico preliminar que já dá para perceber das muitas dificuldades que a associação enfrenta. A queda drástica de rendimentos por via da diminuição de serviços e outros, o aumento dos custos com a higienização e proteção individuais, o cumprimento das regras sanitárias adicionais das viaturas e instalações por força da pandemia diminuíram seriamente a disponibilidade financeira previsional. Por isso, qualquer obra ou aquisição de viaturas terá de ser muito bem ponderada.

Que preocupações/pedidos já lhe foram feitos pelo Comando?

As preocupações do Comando estão a ser analisadas e discutidas em conjunto com a Direção da Associação. É cedo ainda para especificar, mas recuperar parte dos veículos que já apresentam um elevado nível de desgaste será obviamente uma prioridade.

Estamos há um ano a viver uma nova realidade por via da pandemia de COVID-19. Como está a ser gerida esta situação no seio da instituição?

Considerando que a pandemia foi declarada há cerca de um ano e estando a nova Direção em funções há apenas 2 meses, devo dizer que encontrei uma equipa bem preparada e bem organizada para lidar com esta nova e inesperada realidade. Seguramente também por isso, não existiu qualquer surto entre o pessoal.


Contudo, tenho de fazer notar que esta Direção desde a primeira hora manifestou disponibilidade total de cooperação com o CB no sentido de serem fornecidos os meios necessários em quantidade e diversidade para cumprirem as suas funções dentro das regras definidas pela DGS. Posso também informar que 50% do corpo de bombeiros efetivos já foi vacinado na primeira fase, estando agendada para as próximas semanas a continuação do plano traçado por forma a possibilitar que todos os bombeiros efetivos possam ser vacinados.

 

Considera que os bombeiros voluntários são verdadeiramente reconhecidos pelo trabalho que desempenham em prol da comunidade? O que poderia ser feito neste domínio?

Eu não conheço nenhuma comunidade que não reconheça o valor, dedicação e esforço dos bombeiros voluntários. Porém, tudo o que o Estado, a edilidade e a comunidade façam em prol do Corpo de Bombeiros nunca será suficiente para compensar o trabalho destes homens e mulheres que escolheram como lema de vida socorrer quem precisa.

 

Que mensagem gostaria de deixar ao corpo ativo?

Já tive oportunidade de o dizer a todos, pessoalmente: Queremos ajudar a melhorar o serviço às populações e ajudar melhorar as condições de trabalho do CB. Sendo que uma ajuda a outra.

E ao poder autárquico local?

Na última Assembleia Geral de sócios no passado dia 29 de Dezembro de 2020, foi reiterado, quer pelo Presidente da Direção cessante, quer pelo Sr. Comandante, quão é essencial a comparticipação anual da Câmara da Marinha Grande em sede de Protocolo, assim como o foi o donativo extraordinário atempado ainda no mês de Março de 2020 concedido à AHBVMG para gastos adicionais previsíveis relacionados exclusivamente com despesas de combate ao Covid-19 até ao final do ano passado. E pelo que já sei, quero também fazer notar a importância dos donativos e dos apoios extraordinários das Juntas de Freguesia da Marinha Grande e da Moita.

Nos próximos meses será o presidente de uma instituição que já soma 120 anos de história. Que marca gostaria de deixar?

Sim… efetivamente, durante os próximos 22 meses, se não houverem percalços que tal obstaculizem, assim será, continuarei a ser presidente da AHBVMG. É de fato a Associação mais antiga e quiçá a mais emblemática da nossa cidade, sem desrespeito algum pelas outras associações, bem pelo contrário.


A marca a deixar será aquela que todos os intervenientes em conjunto, sócios, bombeiros, comando, edilidade, organizações estatais e camarárias, comunidade, parceiros locais, distritais e nacionais permitam acontecer. E nesse sentido, cá estarei para dar o meu contributo, juntamente com a equipa que lidero.

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Ficha Técnica

Nome: Pedro Manuel Lino Franco

Idade: 62 anos

Naturalidade: Marinha Grande

Habilitações literárias: Mestrado em Engenharia Mecânica

Viagem de sonho: Nos dias de hoje, voar para a Bélgica e para a Inglaterra para estar com as netas, filhos, nora e genro.

Lema de vida: O caminho faz-se caminhando…

Em que associações já deu o seu contributo: Como dirigente no Sport Operário Marinhense, desde o final dos anos 80 e durante os primeiros anos da década de 90, onde sou sócio desde o dia do meu nascimento, e na Associação de Ocupação de Tempos Livres do S.O.M. (entretanto redenominada “Associação Crescer e Crer”), que criei com a ajuda de outros honrosos e voluntariosos marinhenses.

Ser dirigente associativo é… participar na vida comunitária de uma forma mais ativa ajudando a atingir objetivos que melhorem a vida dos meus conterrâneos e ao mesmo tempo fazer-me sentir útil para a sociedade de uma forma tão especial.