“Bem-vindos a esta primeira hora de emissão das Noites Pacíficas, o melhor da música, calmamente, na RCM”. Tem sido mais ou menos assim que tem começado o programa “Noites Pacíficas” que há 30 anos promove a música romântica na RCM, através da seleção musical de Carlos Cruz

 

É o programa mais antigo da Rádio Clube Marinhense, conduzido desde sempre por Carlos Cruz e que se tem mantido no ar ao longo dos últimos 30 anos, levando até aos ouvintes os maiores sucessos da música romântica.

O JMG esteve à conversa com o locutor responsável pelo programa que a RCM emite de segunda a sexta feira e também aos domingos, das 21 horas à meia noite, para saber como começou a sua ligação ao mundo da rádio, bem como qual a ‘receita’ para o sucesso das “Noites Pacíficas”.

O Carlos Cruz é consultor imobiliário há vários anos, mas nem sempre foi assim. Como é que se iniciou esta ‘aventura’ no mundo da rádio?

Por acaso foi uma coincidência muito grande. Tudo começou com o Tozé Ferreira, que me convidou para a Rádio Cristal. Antigamente só existiam rádios piratas, era a Rádio Grafonola, a Rádio Cristal, a Rádio Clube Marinhense e penso que existia outra mas sinceramente não me lembro do nome.

Comecei a minha aventura na Rádio Cristal e passados uns tempos com a legalização da única rádio da Marinha Grande fui novamente convidado pelo Tozé Ferreira a fazer testes na Rádio Clube Marinhense. E foi muito engraçado, fui apresentado ao Sr. Alípio Alves e ao João Mesquita, ambos diretores e também responsáveis pela programação. Estive mais de um mês a fazer teste de voz. Eu, impaciente, pois queria fazer programa e o João Mesquita dizia que ainda não estava preparado porque cantava em vez de falar ao microfone. Foi duro ultrapassar essa fase, mas depois de uns meses com muito empenho e dedicação, com a ajuda do Alípio Alves e do Tozé, finalmente, fui convidado a trabalhar na RCM.

Passei a locutor de informação e fazia programas quando alguém faltava. Com o tempo o Alípio Alves convidou-me a fazer um programa de rádio de música romântica. Como sempre gostei de música calma, já dos tempos da Rádio Cristal, aceitei e criei um nome. Na altura era fã do João Chaves, locutor da RFM do Oceano Pacífico. E como adorava o programa criei as “Noites Pacíficas”. Comecei a ter um grande feedback dos ouvintes, todos gostavam do programa, das músicas e assim foi até agora. E como disse anteriormente tudo começou com o Tozé Ferreira e naturalmente irei acabar o programa com a locução de Carlos Cruz com o Tozé Ferreira. Depois da minha ausência alguém irá continuar a dar voz a este programa. Sinceramente sinto-me orgulhoso e agradecido a todos os ouvintes de há 30 anos para cá, que dia após dia vão sendo sempre mais, pois nunca pensei que o programa chegasse a muitos pontos do mundo, como chega nos dias de hoje, graças à Internet, e quando comecei não era assim.

Aos ouvintes o meu bem haja. Nós, marinhenses, podemos orgulhar-nos de entre muitas coisas de termos também um programa de rádio produzido diretamente a partir da Marinha Grande e que é ouvido em todo o mundo. Não só por marinhenses, mas também por pessoas de outras nacionalidades. Por isso vamos sempre em frente, porque nós, marinhenses, somos grandes.

Com o passar do tempo, deixei de estar na rádio a 100 por cento, e desde há alguns anos a esta parte que sou consultor no ramo imobiliário e tenho ao final do dia, como hobby, o programa das “Noites Pacíficas”. Ou seja, de dia vendo casas e à noite dou música (risos).

O que tem contribuído para o sucesso das “Noites Pacíficas”?

Sinceramente têm sido os ouvintes, pois eles têm sido a alma do programa. Tem sido maravilhoso receber mensagens de todos os lados do mundo de agradecimento pelo programa, pela rádio.

É claro que é preciso gostarmos do que estamos a fazer, eu adoro fazer rádio e adoro música romântica dos anos 70 e 80, depois tem de haver muita dedicação e esforço para tudo correr bem.

Mas eu atribuo o sucesso do programa aos ouvintes e estou imensamente agradecido a todos. Quero também deixar um agradecimento ao Artur Fonseca, ao Pedro Baridó e ao Carlos Morgado, que foram os técnicos de som com mais emissões do programa, e a todos os meus colegas de rádio que ajudaram diretamente ou indiretamente para o seu sucesso nestes últimos 30 anos.

Alguma vez pensou que o programa pudesse alcançar esta longevidade?

Sinceramente não. Tudo começou numa brincadeira, mas com responsabilidade e naquela altura nunca imaginei que passados 30 anos ainda estaria a fazer rádio. Muito mudou e são muitos anos, com altos e baixos, mas os ouvintes é que marcaram a longevidade do programa, e o sucesso das “Noites Pacíficas” é simplesmente deles e da Rádio Clube Marinhense.

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António José Ferreira, diretor da RCM:

“Talvez seja o melhor programa de música calma que se produz em Portugal”

António José Ferreira, diretor da Rádio Clube Marinhense, faz um balanço “muito positivo” de três décadas de emissões das “Noites Pacíficas”, conduzidas pelo amigo Carlos Cruz, considerando tratar-se, talvez, do “melhor programa de música calma que se produz em Portugal”

Que balanço faz de 30 anos de emissão das “Noites Pacíficas”?

O balanço é inequivocamente positivo. Muito positivo, aliás. Estamos perante um programa que se confunde, ele próprio, com a própria rádio. As “Noites Pacíficas” ganharam vida própria e isso deve-se exclusivamente ao seu responsável, que o idealizou há três décadas e o tem mantido no ar, com a mesma qualidade desde a primeira emissão. Apesar dos anos terem passado, o programa do Carlos Cruz é porventura aquele que tem mais seguidores na Rádio Clube Marinhense e é fácil perceber a razão. Basta ouvir e perceber que talvez seja o melhor programa de música calma que se produz em Portugal.

Note-se que este é dos poucos programas da RCM em que o responsável tem autonomia total para escolher as músicas. E o Carlos Cruz tem por hábito selecionar desde a primeira música à última: nada lhe escapa. E o segredo talvez seja esse. É um perfecionista. Ele tem a sua linha musical há 30 anos e não há nada que o faça mudar o rumo.

Não vale a pena dizer-lhe passa esta ou aquela, ele além de locutor é o produtor, promotor do programa nas redes sociais e acima de tudo uma espécie de embaixador da Rádio Clube Marinhense.

Quando se fala desta rádio é incontornável falar-se de “Noites Pacíficas”. É um caso sério de popularidade de alguém que ama o que faz e, quando assim é, é quase impossível ser-se indiferente ao programa. Todos gostam. Aliás, quem aprecia música romântica tem aqui uma referência incontornável.

Assim, na qualidade de diretor da RCM, tenho o maior orgulho em garantir que as “Noites Pacíficas” vão continuar a fazer parte da nossa grelha por muitos anos. E gostaria aqui de expressar publicamente que o Carlos Cruz, para além de ser o responsável do programa, é um bom amigo, daqueles que está sempre lá, nas horas boas e nas más.