Joel da Cruz e Pedro Melo são dois dos 13 marinhenses infetados, até ao momento, com o novo coronavírus. Em entrevista à RCM, no programa “Especial COVID-19”, partilharam a sua experiência e explicaram como está a ser a recuperação

 

Aos microfones da RCM, Joel da Cruz relatou como viveu quatro dias internado no hospital e depois em “clausura absoluta” no seu domicílio por culpa do coronavíurs. Julga ter contraído o vírus em Espanha, onde esteve há quatro semanas enquanto treinador de kick boxing e a acompanhar alguns atletas.

 

Uma semana depois de regressar à Marinha Grande começou a ter febre persistente e mais tarde dor de garganta. Através da Saúde 24 foi encaminhado mas os sintomas não coincidiam com a COVID-19 e acabaria por ser tratado para uma amigdalite. Os sintomas não passavam e voltou a ligar à Saúde 24 que o encaminhou para as urgências do Centro de Saúde e ficou sob vigilância da delegada de saúde da Marinha Grande.

 

Acabaria por ir ao Hospital de Leiria fazer o teste, por indicação desta responsável, bem como um raio-x ao tórax. Verificou-se que tinha uma pneumonia e o teste resultou positivo, pelo que teve de ficar internado por quatro dias. Ao fim de três dias começou a sentir melhorias, mas a febre fê-lo perder sete quilos, tirou-lhe o apetite e deixou-o “sem forças para nada”.

 

Joel da Cruz diz ter mantido sempre “uma postura calma”, embora na primeira noite passada no hospital tenha receado pela vida. “Fui militar e estive em funções. Na primeira noite internado pensei que tinha ido ao Afeganistão e vim embora e que agora ia com esta doença…”.

 

O atleta realça a postura de grande profissionalismo da equipa que encontrou no hospital, sempre a monitorizar todos os doentes de COVID que estavam consigo, num total de sete, naquela altura.

 

Duas semanas e meia depois repetiu o teste e 48 horas depois fez novo exame para confirmar se estava livre da doença e o resultado veio negativo.

 

Os dias de quarentena em casa foram “o mais complicado” para Joel da Cruz, dado que é uma pessoa muito ativa e não passa sem desporto, realçando aqui o papel da PSP que “todos os dias ia a minha casa controlar se eu lá estava e bem”. O tempo entre quatro paredes não foi dado por mal empregue e Joel aproveitou para estudar e fazer o relatório final de curso.

 

A sua companheira também testou positivo para a COVID-19, mas foi assintomática, segundo relatou o atleta, que tem mantido o contacto com os alunos e colegas do Crossfit Marinha Grande e que, entretanto, já regressou aos treinos.

 

Segundo o médico que o acompanhou, dificilmente voltará a apanhar o vírus. “Espero bem que não me calhe outra vez”, refere Joel da Cruz que falou também sobre os cuidados de higiene e etiqueta respiratória redobrados que teve em casa, onde vive com os pais e a companheira.

 

“Temos de ter fé para superar isto”

Já o empresário Pedro Melo, por ser doente crónico, já estava há 15 dias em casa, isolado, quando começou a sentir-se mal com vómitos. Foi ao Hospital de Leiria, fez o teste e deu positivo, tendo sido depois encaminhado para os Hospitais de Coimbra, onde ficou internado.

 

“Temos de ter fé para superar isto”, acredita Pedro Melo, para quem “o pior já passou”.

 

“Não tive sintomas típicos da COVID-19, como tosse ou febre. Aliás, fiz febre mas já foi no hospital em Coimbra, onde fiquei hospitalizado 10 dias por precaução”.

 

Em casa está em isolamento total, com um quarto e uma casa de banho só para si, e as refeições a serem preparadas pela esposa, mantendo as devidas distâncias de segurança.

 

Segundo adiantou em entrevista ao programa da RCM, a família ficou “apreensiva e com receio” tendo em conta as notícias que têm vindo a ser divulgadas sobre a pandemia, mas também por se tratar de um doente crónico, com necessidade de fazer diálise.

 

Pedro Melo aguarda agora o resultado de um novo teste para saber se a doença já passou e diz-se “esperançado” que este problema esteja superado, para poder “voltar à normalidade da vida”. O marinhense julga ter contraído o vírus em Coimbra, nas sessões de diálise, referindo terem sido verificados dois ou três casos de doentes da diálise que testaram positivo para a COVID-19.