Álvaro Cardoso, em entrevista ao Programa Pontos de Vista, emitido pela RCM e agora também pela Marinha TV, deu conta das obras que espera conseguir realizar este ano, num investimento superior a 2 milhões de euros. Questionado por Carlos Carvalho quanto a uma eventual recandidatura, disse estar a refletir nessa possibilidade  

 

Que balanço faz destes três anos de mandato?

Temos feito aquilo que nos é possível dentro do âmbito das nossas competências: os arranjos, a limpeza, os ajardinamentos, a reparação de escolas e o serviço de proximidade para com o cidadão.

O nosso foco é efetivamente estar ao lado dos cidadãos, podê-los ajudar, não obstante a falta de competências que temos para resolver uma parte significativa dos problemas que nos trazem.

Nós estamos na primeira linha, é à Junta de Freguesia que os cidadãos se dirigem, e não têm que saber se a competência é da Junta, da Câmara Municipal ou do Governo. Eles têm um problema e a Junta é a mais próxima para lhes tentar resolver a situação.

Há cerca de um ano que a TUMG iniciou o trajeto na Vieira e tem sido uma mais-valia do ponto de vista de serviços. Contribuiu para uma maior coesão entre Freguesia e Paços de Concelho e aproximou-nos facilitando a mobilidade das pessoas. Estamos gratos por isso e constato com contentamento que é um serviço muito utilizado pela população e que veio facilitar muito a vida aos estudantes. A TUMG assegura este serviço com qualidade e temos vindo junto da sua administração a tentar ajustar os horários, além de que as pessoas não têm que vir à Marinha Grande para comprar os passes. Há um conjunto de dias por mês que o funcionário da TUMG vai à Junta para as pessoas poderem tratar dos passes.

Gostaria ainda de realçar a criação do Espaço do Cidadão nas instalações da Junta e há pessoas de outras Freguesias que recorrem ao nosso espaço, como da Marinha Grande, de Monte Real e do Coimbrão, por exemplo. No mesmo espaço temos IMTT, Instituto de Emprego, Segurança Social e as renovações dos cartões de cidadão. Com a abertura deste Espaço, a Câmara alargou os serviços na Freguesia, e além das águas temos também os serviços de obras.

Nestes anos, o nosso foco tem sido muito o embelezamento da vila, através da implementação de novos jardins e áreas ajardinadas, mas o nosso foco é naquilo que são as nossas competências: a limpeza urbana, que é muito apreciada pela população que gosta de ver a sua rua limpa, as valetas consertadas, os buracos tapados.

Houve renegociação e um reforço relativamente às competências mas ficámos com as competências que tínhamos: limpeza urbana a todos os níveis, jardins e espaços verdes, reparações nas escolas e limpeza e manutenção das escolas de 1.º ciclo e jardins de infância. Havia a possibilidade de ficarmos com as feiras e mercados à nossa responsabilidade, e temos dois, um na Praia e outro na Vieira Centro, com excelentes condições. Foi uma articulação entre a Câmara e a Junta a opção por não ficarmos com esta competência. A Câmara alegou o interesse público e a Junta a falta de meios técnicos e humanos. A cobrança de taxas e licenças também não tínhamos condições para aceitar.

Nós devemos estar mais próximos dos cidadãos, e a maior frustração que um presidente de Junta ou um membro do executivo pode ter é não conseguir satisfazer o pedido que um cidadão lhe está a colocar, e nestas situações temos que ser muito ponderados no que vamos dizer: não podemos dar um não taxativo, mas não podemos criar expectativas e encaminhamos para a Câmara se não for da nossa competência e isto tem sido feito, é recorrente.

Como é a relação institucional entre a Câmara e a Junta?

É uma relação que considero boa. Obviamente que a Junta, por vezes, é muito pedinchona, e a Câmara não tem condições. Uma das questões que nos preocupa é o pessoal técnico, temos apenas dois assistentes técnicos e neste contexto quando conseguimos poupar algum dinheiro para reparar alguma rua, precisamos de um projeto, de um concurso e aí recorremos à Câmara. Dependemos da Câmara do ponto de vista de apoio técnico à execução de obra, de investimento. Sinto os constrangimentos, o próprio executivo da Câmara também se depara com esta situação.

De um ponto de vista geral, diria que a relação é ótima. Somos todos conhecidos, estamos todos com o mesmo propósito e boas intenções. Compreendo que a Junta gostava sempre de mais, há sempre problemas para resolver, e a Câmara que tem ou que quer resolver não pode porque lhe faltam também alguns meios e eu compreendo.

Estamos a poucos meses de novas eleições. O que ficou por fazer? Está satisfeito com o trabalho realizado?

Longe de mim estar satisfeito. Tínhamos um programa bastante ambicioso. Estou com grande expectativa para este ano. Se se concretizar, e estamos com um espaço temporal muito curto, teremos o maior investimento realizado na Freguesia do ponto de vista do Município, neste mandato, que anda na ordem dos 2,2 milhões de euros, que é aquilo que consideramos todos os anos que é uma fatia equitativa do orçamento que nos é merecida.

São obras relevantes, que vão alavancar o turismo, como o Estuarino, o projeto da Ciclovia que liga a nascente à Foz do Rio Lis, que é estruturante e que vai potenciar sobretudo o turismo de natureza. Estão previstos investimentos ao nível da requalificação do Largo da Passagem, bem como a conclusão do saneamento na Valeira e no Boco, que ficará à volta dos 800 mil euros. Teremos também a requalificação dos barracões da arte xávega, a sul da Praia da Vieira. Em termos de investimento já está em fase de conclusão o campo multidesportivo na Praia da Vieira, e o cais no Rio, que já está concluído, onde vão ficar barcos de recreio.

Queremos também restaurar algumas ruas que estão em péssimo estado e há muito por fazer neste domínio.

A Junta de Freguesia candidatou-se pela primeira a um programa de financiamento, o Mar 2020, que já foi aprovado, e vamos avançar já em fevereiro com os três projetos: um é um circuito de arte urbana que assenta muito nas pinturas de ‘street art’, direcionado para a arte xávega; outro prevê a requalificação da zona das peixeiras da Vieira, na Avenida dos Pescadores; e depois teremos um Centro de Cultura Avieira, que terá exposições, artesanato e uma mini-biblioteca, no valor global de 150 mil euros, com comparticipação pública.

Há também um investimento crucial para atrair investimento para a Freguesia, que é o alargamento da Zona Industrial da Vieira. Sem isso a Freguesia não se desenvolve. Devemos avançar rapidamente com este alargamento e iniciar os trabalhos de negociação com os proprietários.

Com tanto projeto por fazer, vamos ter recandidatura?

Seria hipócrita da minha parte se dissesse que nesta altura do campeonato não tenho pensado nisso. Tenho o carinho e o reconhecimento de muitas pessoas, naturalmente não se consegue agradar a todos mas penso que ninguém tem razão de dizer que foi maltratado pelo presidente da Junta. Houve sempre um ouvido que escutou quem quis falar comigo, sempre com cordialidade.

Já refleti sobre isso e muitas vezes quando andamos eufóricos a ver obra, a ver projetos, dá-me vontade de me recandidatar, sacrificando aquilo que neste momento são os valores que me fazem hesitar: a questão familiar e a questão profissional. Não obstante eu trabalhar de noite, sacrificando a minha família, tenho a questão profissional porque tenho brio e orgulho daquilo que faço e quero continuar a fazer. São estes dois fatores que estou a ponderar e que não dependem só de mim. Continuar a servir os meus concidadãos é o que mais me motiva.