Em entrevista ao JMG, Álvaro Órfão mostra-se confiante que o executivo camarário possa realizar obra no próximo ano, apesar da indefinição quanto à aprovação do orçamento. Considerando que a oposição “não tem sido construtiva”, o antigo presidente considera que a eventual governação por duodécimos poderá ser “uma boa solução”. Órfão critica, no entanto, que alguns bons funcionários estejam “no armário” e não esconde a mágoa pelo fim da Bienal de Artes Plásticas.


Deixou a presidência da Câmara em 2005. Ao longo destes últimos 13 anos, a Marinha Grande melhorou ou piorou?
Não posso dizer que melhorou. Não dizendo que melhorou, vou dizer que piorou? Também não sou assim tão «bota-abaixo». Mas no que se refere à continuidade de algumas coisas que estavam previstas, não andámos num bom caminho, nomeadamente na área cultural. Destaco o fim das bienais. Fazem falta no panorama cultural português. Cheguei a ser abordado por pessoas que consideravam que as bienais nunca deviam ter acabado. Destas, destaco uma vereadora da CDU, a Dra. Alexandra Dengucho, que me disse que nunca concordou com o fim dessa iniciativa.  
No meu tempo fizeram-se cinco. Quando a CDU foi para a Câmara fizeram-se duas e, a seguir, no tempo dos meus companheiros de partido, liquidou-se a bienal de uma forma explícita. E isso viu-se no desaparecimento do ordinal. A bienal dos meus correligionários não foi a 7.ª, nem 8.ª, nem 9.ª. Foi ‘a bienal’. Convinha acabar com a sequência, sem se pensar nas consequências. Aquilo que honra todas as bienais é a sequência e na Marinha Grande isso desapareceu. Em 2010 intitulou-se ‘Bienal das Artes Plásticas’ e fez-se uma homenagem a um pintor de arte moderna que não tinha quaisquer relações com a Marinha Grande. O coordenador técnico-artístico das bienais foi posto de lado. Durante as minhas cinco bienais foi o Sr. João Luís Costa que serviu, e bem, a Marinha Grande, com a cooperação de uma funcionária da Câmara que ao longo de todas as bienais e iniciativas de carácter cultural se revelou uma peça fundamental, a Dra. Cristina Simões. Como por acaso, quando os meus correligionários voltaram à Câmara, quatro anos depois de eu ter saído, ela foi praticamente fechada no armário. Não foi fechada porque o armário devia ter porta e ela entrava e saía. Mas foi para um armário durante vários anos. Deixou de poder colaborar e dar o contributo que sempre deu ao serviço dos marinhenses e da arte do vidro.

Defende que as bienais deviam ser retomadas?
Sempre defendi. Inclusive, o júri e os artistas que vinham à Marinha Grande diziam para nunca acabarmos com essa iniciativa, dado que era um caminho novo para a arte em Portugal. O Dr. Fernando Azevedo, considerado um dos grandes pintores da pintura moderna e diretor-artístico da Gulbenkian, que foi presidente do nosso júri, considerou sempre que esta bienal era imprescindível no panorama das artes. O fim da bienal é uma das coisas que mais me desgostou e continua a desgostar.

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