A Associação Marinha em Movimento (AMM) realizou mais um debate online, na noite do passado dia 23 de março, desta vez subordinado ao tema “Museus: Novas perspetivas”. O Museu da Floresta, no papel há duas décadas, foi um dos assuntos abordados

 

Tânia Rosa, coordenadora do Museu do Vidro, foi a primeira oradora deste XXII “Ideias em Movimento”, começando por apresentar a aplicação móvel, de visita virtual 360ᵒ, lançada em 2020, e que permite aos utilizadores uma visita guiada ‘por’ Guilherme Stephens e por um vidreiro. Segundo a responsável, a aplicação, disponível na Apple e na Play Store, tem tido “um importante papel” na divulgação do museu e no acompanhamento das visitas, bem como junto da “geração do digital”.

Vânia Carvalho, coordenadora do Museu de Leiria, foi a segunda interveniente da noite, realçando que o Museu tem uma coleção regional que vai de Peniche até Pombal, e que funciona desde 2015 no Convento de Santo Agostinho. Um espaço “que permite uma perfeita simbiose com a população”, considerou a responsável, e que tem capacidade para acolher espetáculos e eventos da cidade. Segundo Vânia Carvalho, o Museu de Leiria tem 90% da sua coleção em reserva, tem parcerias ativas ao nível da cultura e da investigação, e sobre a exposição “Plasticidade – Uma História dos plásticos em Portugal”, referiu que resultou de um “processo colaborativo” que juntou mais de 400 pessoas que possuíam objetos com potencial para integrar a coleção, e que deram o seu contributo após um apelo nas redes sociais.

A última oradora foi Marta Bravo, gestora do WOW – Quarteirão Cultural, que proporcionou a reabilitação de diversas caves do vinho do Porto que estavam desocupadas. O projeto arrancou em junho de 2020, na zona ribeirinha de Gaia, e abrange uma área de 55.000m², onde existem 7 Museus, abarcando temas como o vinho, a cortiça, o chocolate, a moda e a cidade do Porto, entre outros. Segundo explicou, o conceito do WOW passa por proporcionar experiências aos visitantes, possuindo ainda uma galeria de exposições temporárias, uma escola de vinho, agenda cultural e espaço de restauração, bares e cafés que permitem passar um dia inteiro sem sair daquele espaço.

Seguiu-se um momento de debate durante o qual foi aventada a possibilidade de se incluir a produção de vidro soprado no Museu do Vidro, tendo a coordenadora daquele espaço referido que atualmente se pode assistir à produção de vidro de maçarico e à lapidação, bem como visitar fábricas de vidro. Quanto ao vidro soprado, Tânia Rosa considerou que o investimento financeiro e técnico necessários constituem presentemente “um entrave”, apesar de admitir que seria, para si, um sonho poder proporcionar essa experiência aos visitantes.

Outra questão incontornável, quando se fala de museus na Marinha Grande, é o Museu Nacional da Floresta, legalmente criado há mais de 20 anos, mas que ainda não saiu do papel. Sobre este assunto, Vânia Carvalho considerou que o Museu da Floresta “já existe” em cada habitante da Marinha Grande, ou “em cada pessoa que passou por esta mata”, destacando “a urgência” de iniciar a recolha das experiências de quem viveu a floresta, nas suas múltiplas funções e valências. Para a técnica, a recolha das memórias vivas é fundamental, antes mesmo da construção do Museu, constituindo num suporte para a sua conceção.