Carolina Miguel, jovem fotógrafa da Marinha Grande, acaba de ver uma coleção de 20 fotografias suas serem premiadas pela associação internacional Inspiration Photographers, na categoria de retrato. As imagens têm uma particularidade: foram captadas após os incêndios de outubro de 2017 que devastaram o Pinhal do Rei

 

Aos 33 anos e amante de fotografia há mais de uma década, Carolina Miguel vai somando prémios. O mais recente acaba de ser atribuído pela Inspiration Photographers, entidade que não ficou indiferente à ‘força’ das 20 imagens captadas em pleno Pinhal do Rei, após os incêndios que consumiram 86% da sua área. Neste projeto, intitulado “From Ashes to Ashes”, em português “Das cinzas às cinzas”, uma mulher, vestida de negro, usa uma máscara para mostrar o quão irrespirável se tornou o ar após a passagem do fogo.

Ao JMG, a jovem marinhense contou que ganhou o gosto pela fotografia e pós-produção durante a sua Licenciatura em Comunicação Social e Multimédia, e que depois de concluir o curso, em 2010, “não parei mais de fotografar”. “Em 2015 integrei a equipa de uma das mais reconhecidas empresas de fotografia de casamento da zona centro e no início de 2020 abracei o desafio de começar 'à séria' em nome próprio”, acrescentando que a pandemia lhe proporcionou “mais tempo para organizar e pensar no que poderia fazer para dar um boost ao meu trabalho, e surgiu a Inspiration Photographers”.

Assim, e depois de uma primeira coleção de 20 fotografias ter sido premiada na categoria de família pela mesma associação internacional, em agosto do ano passado, e entre mais de uma dezena de fotografias premiadas ou distinguidas com menções honrosas, tanto na categoria de família como de retrato ao longo deste último ano, Carolina Miguel assume que a coleção “From Ashes to Ashes” tem um significado “muito especial”.

E explica porquê: “não só por ser um trabalho já de 2017, o que vem provar o valor da fotografia, a sua intemporalidade, como também nos lembra o poder da mensagem que esta acarreta. Na verdade este conceito de um cenário meio apocalíptico, e de haver uma espécie de fénix a ultrapassar, a sobreviver a essa situação já era uma ideia que tinha em mente, que queria reproduzir há algum tempo. No entanto, não me tinha passado pela cabeça que iria fotografar este projeto no nosso pinhal após um incêndio tão violento como o que devastou a nossa mata”.

A fotógrafa assume que “ainda hoje me custa olhar para esta nova paisagem, mas ao ver os verdes despoletar do chão, e as florzinhas a colorir e dar nova vida ao horizonte, ainda mais me faz acreditar que com força de vontade e resiliência somos capazes de superar tudo, assim como a própria Natureza consegue”.

O trabalho da jovem marinhense pode ser apreciado no site www.carolinamiguel.zenfolio.com.

Foto: Carolina Miguel