Acaba de nascer na Marinha Grande o projeto Teatro à Solta Associação Cultural que quer colocar os marinhenses, e não só, a rir e a usufruir de eventos culturais de qualidade. Entre os seus elementos estão dois filhos da terra: Suzanna Rodrigues e Cristovão Carvalheiro

Como surgiu a possibilidade de criar uma companhia profissional de teatro em plena pandemia?

A verdade é que somos um bocado teimosos. Esta equipa de seis já se conhecia de uma outra companhia que optou por fechar, mas nós não sabemos nem queremos fazer mais nada senão teatro e cultura. Em plena pandemia, as opções eram rezar por uma vaga num supermercado, ou arregaçar as mangas e arriscar… e arriscámos.

E até agora, ainda ninguém se arrependeu! Numa altura em que as restrições se multiplicam para manter a saúde física, não podemos descurar a saúde mental. As pessoas precisam sempre de ler, de ouvir música, de ver um filme… e de rir. O quotidiano não pode ser só COVID e a cultura tem um papel fundamental no bem-estar das pessoas.

Estão confiantes de que na Marinha Grande, longe dos grandes centros culturais, vão conseguir levar o vosso projeto a bom porto?

Claro! Já fazemos isto há vários anos, temos as ferramentas e a experiência necessária para criar um projeto para poder agradar ao nosso público; o nosso dever é para com eles. Na Marinha Grande há bons profissionais das artes que merecem, podem e devem mostrar o seu trabalho, e a nossa ideia é criar o máximo de sinergias possível.

O caminho faz-se em conjunto e os marinhenses merecem uma cidade recheada de eventos culturais.

A Companhia Teatro à Solta escreve e produz as suas peças. Em que estão a trabalhar neste momento?

Estamos prestes a estrear a comédia “Na Língua de Camões”, que é um apanhado dos “Lusíadas”, ideal por um lado, para quem não leu ou já não se lembra da obra, e por outro para os alunos do 3.º ciclo e secundário que têm de estudar esta epopeia de Camões.

Este espetáculo que não só é da nossa autoria em termos dramaturgos como em termos musicais, já que a música que integra a peça também é composição original do Teatro à Solta. Para além deste espetáculo, temos também uma peça de teatro de rua (que esperamos poder apresentar assim que as condições do clima permitam) e em preparação um espetáculo de teatro para a infância, baseado em lendas, que estrearemos mais perto do final do ano.

Mas como nem só de teatro vive a cultura, temos outras surpresas a caminho, que com sorte conseguimos levar do papel ao palco ainda em 2020!

Como têm vivido os últimos meses, tendo em conta o cancelamento de espetáculos e todas as limitações impostas devido à pandemia?

Com dificuldades… como toda a gente. Mas se todos nos entreajudarmos, saímos da crise juntos. A pandemia veio trazer muitos desafios à cultura e, infelizmente, este já era um setor com muitas dificuldades antes de aparecer o COVID, mas não é o único.

Acreditamos que a solução está na comunidade, no sentido de ajuda ao próximo e no reconhecimento do valor da cultura enquanto ferramenta imprescindível à nossa sanidade mental. As pessoas precisam naturalmente do convívio, de sair e de estar juntas, e ir ao Teatro - com máscara e álcool gel, os nossos novos melhores amigos - não só é seguro, também é saudável!